sexta-feira, 10 de julho de 2009
terça-feira, 7 de julho de 2009
Setores voltados para mercado interno superam atividade industrial de 2008
MARCELA CAMPOS
Colaboração para a Folha Online, em Brasília
O uso das máquinas do parque industrial brasileiro subiu pelo quarto mês consecutivo, chegando a 79,8% em maio deste ano. Na média, os índices estão abaixo de 2008, mas alguns setores têm desempenho diferenciado, mostra pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta terça-feira (7).
O aumento da utilização da capacidade instalada --mede o quanto das máquinas e equipamentos estão em operação--, na média, aponta para um aquecimento da demanda. Essa recuperação, no entanto, ainda não permitiu que o indicador retornasse aos níveis de 2008 (83,1%).
De acordo com o levantamento, no entanto, a utilização da capacidade é maior em setores mais voltados ao mercado doméstico, enquanto o mesmo não ocorre com aqueles setores que produzem bens para a exportação.
O uso de máquinas em maio de 2009 nos setores de vestuário (83,1%), equipamentos de transporte (90,8%) e refino de álcool (89,6%) superou, inclusive, a atividade de maio de 2008 (respectivamente 81,6%, 84,6% e 89,1%), quando a economia brasileira ainda crescia a todo vapor.
Outros setores que apresentam importante recuperação, encostando nos patamares de maio de 2008, são papel e celulose (88,1%), couro e calçados (87,5%) e alimentos e bebidas (78,9%).
No sentido inverso, o setor madeireiro teve o menor nível de utilização da capacidade na comparação com maio de 2008 (63,1% ante 76,7%), seguido por metalurgia básica (70,8% ante 93,3%), setores com tradição exportadora, cuja demanda foi mais profundamente afetada pela crise financeira internacional.
"Duas das importantes fontes de demanda, exportações e investimentos, ainda não mostram sinais de recuperação e a atividade industrial se ressente da ausência desses vetores. O consumo doméstico tem dado sustentação [à atividade econômica], mas por si só não é suficiente para levá-la de volta aos patamares registrados em 2008", afirma Castelo Branco.
Para a CNI, o desencontro de indicadores industriais, uns mais positivos embrenhados com outros ainda negativos, como emprego e horas trabalhadas, torna difícil fazer previsões sobre o ritmo da recuperação da economia brasileira, na opinião do gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Faturamento
O faturamento da indústria cresceu de 1,1% de abril para maio, desprezadas as influências sazonais aumentou para 79,8% em maio, ante 79,4% em abril. Foi a terceira alta em cinco meses. Mas, para a área econômica da CNI, ainda não configura uma tendência de recuperação. Na comparação com maio de 2008, há uma retração de 7,7%.
Já o nível de emprego e o montante de horas trabalhadas ainda mostram decréscimo, de 0,3% e 0,5%, respectivamente.
Trata-se da sétima queda consecutiva no emprego, sem as influências sazonais. A redução, porém, perdeu ritmo, se comparada a dos meses anteriores (em média -0,9%). Em relação a maio do ano passado, a queda de 4,1% é a maior desde o início da série da pesquisa, em 2003.
Piora ante 2008
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, as perdas acumuladas ainda são grandes, mas menores do que as registradas em abril. O faturamento da indústria caiu 7,7%, o emprego retraiu 4,1%, e as horas trabalhadas, 8,4%.
A queda nas vendas industriais, no entanto, atingiu menos setores em maio (12) neste ano, ante maio de 2008, do que da comparação entre os meses de abril (15 setores).
No acumulado até maio ante o mesmo período de 2008, as maiores contribuições negativas por setor vieram de metalurgia básica, produtos químicos e máquinas e equipamentos.
Um Sábado de Sol numa Biblioteca em Salvador
Tinha acordado relativamente cedo e por volta das oito horas e meia da manhã de sábado já estava com o livro aberto na biblioteca estudando. Não demorou uma hora para escutar os murmurinhos típicos de uma boa roda de amigos conversando, de fato não consigo saber se o que mais incomoda são os cochichos dos quais não podemos identificar uma só palavra com clareza ou, simplesmente, quando há a possibilidade de escutar perfeitamente a conversa a respeito da night anterior. Esta última é até interessante para os que têm certo traço de voyerismo. Saí de perto desta sala de “estudos” em grupo e me encaminhei para lugar mais distante na esperança de encontrar silêncio. Logo após, um outro estudante fez o mesmo. Em nada adiantou. Em paralelo a este grupo havia outro e os dois estavam ao fundo da biblioteca emitindo um ruído que ecoava pelos quatro cantos do lugar. Direcionei-me às educadas e prestativas funcionárias da biblioteca relatando, ou melhor, delatando a situação, elas me informaram que já havia requisitado silêncio a estes grupos, mas, mesmo assim, atenderam a minha solicitação em forma de delato e foram pedir o estimado silêncio. Aguardei um pouco e novamente, de nada adiantou, o pedido foi ignorado. Lembrei-me de um programa humorístico que passaria no mesmo sábado à noite, com um jargão típico esboçado por uma personagem com falta de “gramuor” que é o seguinte: “Tô pagannnno”.
Bem, já não sou aluno mais da faculdade aonde essa biblioteca se encontra, por isso não posso usar esse jargão para clamar pelos meus direito de estudar em uma biblioteca que conste de silêncio e tranqüilidade, no máximo, só se o utilizasse no pretérito. Mas prefiro o direito, não aquele escrito em letrinhas minúsculas contidas em códigos em forma de livros que de tão grossos não precisa se escorar em nada para ficar em pé, mas estes também se encontram disponíveis na biblioteca. Refiro-me ao direito derivado do pensamento construído por obras que buscaram fundamentar uma melhor forma de promover a vida em sociedade. Obras construídas a partir de pensadores como Sócrates, Platão, Aristóteles, Locke, Hobbes, Voltaire, Russeu, Kant, dentre outros tantos. Nunca é demais lembra-los, como uma esperança de fazer com que as pessoas que não sabem ao certo até aonde vai o limite do direito individual em um sociedade civilizada possa passar a saber. Saí da biblioteca com um sentimento de indignação, sem saber ao certo o que mais motivava este sentimento; o barulho ali existente ou a falta de respeito perante aos outros que estavam por ali tentando verdadeiramente estudar.
Dentro dessa perspectiva me vieram à cabeça soluções para essa situação. A primeira que veio, foi uma solução drástica, contratar seguranças com o poder para tirar quem não obedecesse à lei do silêncio. Logo a abandonei, se tratava de uma medida exageradamente autoritária dentro do que traria Foucault com a Micro Física do Poder e fora do contexto do real papel dos seguranças, mais úteis para permitir que os estudantes estacionem com segurança em cima dos passeios públicos ao redor da universidade. A outra, dentro de um pensamento dialético Hegueliano, como uma antítese, seria a proliferação desta crônica com cara de manifesto, nada próximo ao de Marx, mas com o humilde, facilmente definido como sonhador, objetivo de que as pessoas podem sim, se tomar por autoconsciência, por mais que o humano demasiado humano, como diria Nietzsche, seja invariavelmente irracional. De qualquer forma há aí em voga o contrato social do já citado Hobbes, para que possamos viver em sociedade. A respeito destas alternativas colocadas aqui para resolver o problema da falta de silêncio na biblioteca, proponho uma eleição com os alunos ou representantes de sala para saber qual alternativa seria mais cabível e dessa forma e, dentro do que traz Bobbio, ampliar os espaços democráticos na sociedade.
Sabendo do possível fracasso dessa atitude me arrisco a propor uma outra alternativa, talvez, mais plausível. Legalizar a conversa na biblioteca, deixar todos livres para conversar, falar alto e até mesmo dançar. Implantar o caos como analogia ou até mesmo apologia ao que encontramos no mundo. Ou/e como uma derivação desta alternativa criar uma outra biblioteca para os que de fato querem estudar e daí instituir a segregação, tão conhecida por nós. Afinal, aquele sábado era um dia de sol, bom para ir à praia, mas aqueles que queriam estar ali em grupo, fingindo que estavam estudando para alimentar a falsa impressão de dever cumprido, não só estavam se enganado como certamente estavam atrapalhando os que tinham a consciência de fazer o que se deve ser feito para melhorar a realidade não só particular, mas e, também, por que não da sociedade...
Na superfície do porto sul
Gostaria de iniciar esta postagem com a recomendação de pa uma leitura atenta a um livro chamado “São Jorge dos Ilhéus” de Jorge Amado para os curiosos acerca do Porto Sul. Obviamente, devemos levar em consideração o caráter literário da obra. No entanto, não se exclui a possibilidade de usarmos-la como reflexão. Lá, no romance, está uma elite atrasada, forasteira que construiu a sua riqueza com sangue e muita terra; os coronéis que são passados para trás por um empresário ambicioso e corno apoiado por estrangeiros. Não que isto também ocorra com o porto. Não tenho ainda noticias suficientes sobre o que realmente de fato se passa nestas terras.
Pelo que acompanho no site da Ação Ilhéus, leva-me a entender que o porto não parece ser bom negócio. Não encontro em nenhum outro lugar tantas informações claras e aprofundadas, afinal não as encontro no site da secretária de infraestrutura do estado da Bahia, nem no da indústria, comércio e minas, e assim se segue aos demais órgãos responsáveis do Estado. O fato é que o site da ação ilhéus é o único que disponibiliza mais informações com fontes munida de credibilidade. Não é só gogo ou panfletagem como certos jornais da situação, nos dia de hoje, que quando era de oposição, como se procedeu com o anterior governo do estado, se comportava como bom “camarada.” Agora estão como bons cordeiros do governo atual, com comentários que saem da análise imparcial e vão para o lado pessoal.
Bem, mas aonde quero chegar é ao seguinte: o Brasil tem como costume dar de mão beijada o que tem de mais rico; a natureza. Isto se traduz, por exemplo, em políticas de atração de investimentos e de industrialização na qual empresas se instalam com incentivos e dão contra partidas ínfimas. Assim foi com a Cargil, a Bunge e Barry Callibut
Não penso que uma simples empresa possa transformar a realidade de uma região, nem mesmo um porto, que diga o Porto de Santos que concentra grande parte da riqueza do país e mesmo assim ainda há problemas sociais delicados na região. Mas se estes empreendimentos não dividem o seu lucro que obtêm por meio do trabalho das pessoas da região e da exploração dos recursos naturais disponíveis, não vejo sentido
Sinceramente acho difícil no estágio em que estamos, conseguir mudar tal situação. Mas bancar uma de burro, insistir no erro, è um pouco de mais. Se quiserem construir um porto em IOS: ótimo! uma siderúrgica: ta certo! mas que construam no lugar realmente apropriado, que paguem por isso também. Quero saber o que vai ser do povoado da Juerana, do distrito de Sambaituba, do bairro Teotônio Vilela. Neste último sei que tem um distrito industrial. E afinal é lá o lugar mais aconselhável para se criar os filhos? ou será no alto do Pacheco? no pontal? no centro lá perto das boas escolas e dos hospitais que foram construídos pelo “coronéis” para servi-los restritamente?.. Sobre Sambaituba, para quem não sabe, fica do outro lado do Jóia, aonde será construído o aeroporto. Lá é um povoado de refugiados da crise do cacau. Como anda a escola de lá? Tem hospital por lá? E o recolhimento de lixo? E a estrada que a liga à IOS? E a delegacia? E as praças? E o teatro? O porto vai resolver isto? Tem alguma bufunfa destinada para isto? Não falo de merreca não, como um burocrata do estado da Bahia uma vez disse que uma empresa transnacional de eletro-eletrônicos de Camaçari disponibilizou 30 mil computadores para as escolas. Isto é a mesma coisa que espelho para índio cortar pau-brasil.
Não podemos deixar que este porto enriqueça muito a poucos. Em uma mesma região, o avanço da riqueza não impede o avanço da pobreza. Há que dividir, planejar, discutir, acordar, assinar e cumprir. Vão ver como a China faz, pergunte quem transporta as mercadorias chinesas...é uma armadora estatal. Pergunte a um francês quando o Estado coloca seu capital no empreendimento o que acontece, vira sócio. Ora, se as coisas prosseguirem com este porto como prosseguiu com a Zude Exportadora de Saõ jorge dos Ilhéus de Jorge Amado, teremos no futuro o presente que vivemos hoje. Uma sociedade mesquinha, que só pensa no seu... “Farinha pouca meu pirão primeiro”. E aposto que quem está cegamente a favor deste porto, está na perspectiva de um trabalho e que tudo mais vá para o inferno. Pois, pense nisto e encomende um carro blindado para passar no Teotônio Vilela e no Malhado quando forem do porto para Ilhéus. Isto é se não construírem nas proximidades algo como Vilas do Atlântico de SSA, uma bolha! Peraí... mas não estamos falando da política desenvolvimentista irresponsável de outrora quando predominava o governo de direita...
Procuro pensar que não é pra tanto, decerto sabemos que IOS precisa se integrar mais ao estado da Bahia, ao Brasil, a América Latina, assim precisa de melhores estradas, ferrovias e aeroporto. Afinal a maioria dos turistas de IOS é proveniente de outros estados do país e das cidades próximas de IOS, são eles que sustentam barracas na praia do sul, pousadas e hotéis não só no verão como no inverno. Ademais, cidades como Vitória da Conquista, Itapetinga e Itabuna se desenvolveram graças ao seu comércio, indústria e atividade agropecuária voltadas para a própria região ou para o país. Mas é certo também que precisamos pensar na educação, na saúde, na concentração de terra e de riqueza na mão de poucos. Acho difícil que o porto atenda a tudo isto, e como se vê de acordo com as informações neste site e com a ideologia vigente, parece-me que as coisas só tendem a se agravar. Temos que sair da superficialidade das questões e entende-las com mais clareza para saber qual caminho seguir. Além de ficarmos atentos para os políticos e empresários... Fiquemos atentos para nossa consciência. Para o que de fato queremos e precisamos... Sobretudo, ajamos!